Cerca de duzentos anos atrás existia a cidade de Dor, na província de Mino, entre Inaba e Harima. Perto da cidade, vivia Tarni, um lenhador que tinha apenas um filho. Os dois eram muito pobres, e todos os dias eles iam até as montanhas para ganhar seu pão trabalhando duro.
Enquanto eles fossem ambos saudáveis e fortes, eles conseguiram continuar ganhando a vida. Mas o pai estava envelhecendo, e sofria de artrite. Logo, seu filho teria que ir para a floresta sozinho, enquanto ele ficava em casa. Para o jovem, isso não era um grande problema, porque ele era forte e vigoroso. Ele se esforçava muito, e ficava feliz sempre que ganhava algumas moedas a mais do que suas necessidades diárias exigiam, porque então ele podia comprar para o pai uma garrafa de saquê. O velho gostava muito de saquê.
Quando o inverno chegou, o frio foi forte, e a neve cobriu os campos até a primavera, tornando as estradas intransitáveis, de modo que o jovem lenhador conseguia apenas pouco dinheiro, e não podia comprar saquê para o pai. Além disso, é claro que ele estava muito triste, e rezava muito para os deuses acabarem com aquele inverno terrível ou enviar-lhes alguma ajuda.
Um dia, ele só conseguiu levar uma pequena quantidade de madeira para a cidade. Os lucros não foram suficientes nem para as necessidades básicas, muito menos para uma garrafa de saquê para seu pai. Embora ele quisesse pedir emprestado o dinheiro para comprar o saquê, ele pensou no provérbio “é melhor comprar do que emprestar”. Então ele foi para casa, e durante a viagem pensou sobre como fazer seu pai ficar mais forte.
Quando ele chegou ao pé do Monte Tagiyama, ele se sentou para descansar um pouco, mas ele não conseguiu descansar das suas preocupações, então ele rezou com fervor. De repente, ele ouviu um ruído estranho, e vapor se elevou do lado da montanha e um odor estranho, parecido com o de saquê aquecido, tomou o ar. O cansaço do jovem logo desapareceu, ele levantou-se de um salto e correu para o lugar de onde o vapor subia. E o que ele encontrou lá? Que milagre se apresentou diante dos seus olhos? Onde antes havia rochas nuas, agora jorrava uma fonte. O jovem pegou um pouco de água na mão. Ela estava morna. Ele a experimentou.
Que gosto estranho! Ele nunca experimentara nada como aquilo antes. – Este é um presente seu, oh, deuses! – Ele exclamou. Ele encheu sua garrafa de água com o estranho presente, e depois de dizer uma prece de agradecimento, continuou sua viagem. Alegremente, ele correu para casa, onde serviu aquela maravilhosa poção para seu pai. Era realmente uma poção miraculosa, pois o velho sentiu seu corpo ficar mais forte. No dia seguinte, ele já estava tão forte que se levantou e, apoiando-se no filho, pediu que ele o levasse até a fonte. – Será que este presente dos deuses é bom apenas para beber? – ele perguntou ao filho quando chegaram lá. O pai banhou-se na fonte, e quando fez isso, percebeu que o banho havia feito a dor em seus membros melhorar. Eles iam à fonte todos os dias, e depois de pouco tempo o velho estava tão recuperado que ele podia voltar a ir com o filho para a floresta e ajudar o trabalho.
Por isso, eles se libertaram da ansiedade, e podiam viver e trabalhar felizes e satisfeitos. É claro que a notícia desse milagre se espalhou rapidamente, e pessoas de toda a região trouxeram os doentes e enfermos até a fonte, em busca de uma cura para seu sofrimento. Dizia-se que até mesmo o imperador viera visitar a fonte curadora. A fonte – uma fonte mineral – mantém seus poderes de cura até hoje.
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