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A inveja trás sofrimento

Posted by : Redação

Portal Noturno | Contos e Fábulas



Isso aconteceu há muito, muito tempo! Em uma pequena vila vivia um velho. A vida inteira, ele fora piedoso e bom. Portanto, todos o amavam, embora ele fosse pobre.
Na casa em frente à desse bom velho vivia outro velho, muito rico, mas mau e ambicioso, que queria possuir tudo o que via. O homem bom não tinha filhos nem família, e vivia sozinho, mas ele queria ter em casa alguém que ele pudesse amar e que também o amasse. Então, ele conseguiu um adorável cachorrinho. Ele o criou com carinho, e o cômico animal retribuiu todo o amor do seu dono, era muito leal e devotado, estava sempre ao lado do seu dono. Um dia, durante uma caminhada, o homem e o cachorro chegaram a um campo abandonado.
De repente, o cachorro começou a latir, correu para o ponto no centro do campo e começou a arranhar seu mestre, implorando com os olhos, como se dissesse “Aqui, cave aqui, há algo para você aqui”. O velho conhecia bem seu cachorro, então voltou para casa, trouxe uma pá e cavou no ponto que o cachorro indicou.
Depois de cavar um pouco, ele encontrou uma pilha de ouro no buraco! Ele ficou muito feliz por encontrar o dinheiro. Ele levou o dinheiro para casa e doou uma grande parte dele para os pobres. Mesmo sendo rico agora, ele continuou humilde e amigável como antes, e ele e o cachorro se davam melhor do que antes. O vizinho mau invejou a felicidade do velho, e, como sabia como ele havia conseguido sua fortuna, tentou atrair o cachorro para sua casa.
Mas o cachorro não se deixava enganar, e continuou junto ao seu mestre. Como o invejoso não conseguira nada com a astúcia, ele apelou para a violência. Um dia, quando o cachorro dormia em frente de casa, o invejoso o cap- turou e arrastou para sua casa, o amarrou com uma corda, e o levou até o campo, para que ele lhe mostrasse outro tesouro escondido.
O cachorro indicou muitos lugares diferentes, mas sempre que o homem tentava cavar, era apenas solo duro, e ele não encontrava nada além de lixo fedorento. Então ele ficou furioso, matou o cachorro com um machado e jogou o corpo no jardim do homem bom. O velho ficou muito triste, e enterrou o cachorro sob uma árvore no jardim, e, embora soubesse quem era o culpado, suportou tudo em silêncio, e não exigiu reparação pelo crime cometido. Pouco tempo depois, o cachorro apareceu-lhe em sonho uma noite e lhe disse: – Não chore mais, minha morte vai lhe trazer uma sorte ainda maior se você seguir meus conselhos.
Corte a árvore sob a qual fui enterrado e com a madeira, faça um pote e um pilão de arroz! O velho fez como instruído, e quando usou o pilão, que milagre! Arroz começou a aparecer dentro do pote, e ele nunca mais ficou sem bolinhos de arroz! O velho parou para dançar de alegria! Ele estava felicíssimo, porque ele nunca mais precisaria comprar arroz, e podia também abastecer os pobres da vila com alimento. Mas o vizinho mau viu sua felicidade, e estava determinado a ter o pilão. Então ele foi até a casa do velho e pediu o pote e pilão emprestado, para devolver no dia seguinte.
O velho era bondoso o bastante para acreditar, e emprestou o pilão. O invejoso dançou alegremente enquanto usava o pilão para encher sua casa de arroz. Mas, que horror! Em vez de arroz, a casa ficou cheia de sujeira e um fedor nauseabundo. O invejoso pegou então um machado e cortou o pote e o pilão em pedaços, e os queimou. Mas nem mesmo essa maldade impediu os conselhos do fantasma do cachorro. Em um sonho, ele disse ao velho para guardar as cinzas do pilão em um pote.
 Um dia, no fim do outono, quando todas as árvores e arbustos haviam perdido as folhas, o daimyo¹ veio até a vila com seus seguidores, e viu o homem bom no lado da estrada. O velho subiu em uma cerejeira perto da estrada, tomou um pouco das cinzas e as espalhou. O daimyo e seu séquito ficaram a princípio petrificados e furiosos, e quiseram prender o velho. Mas que deleite os tomou! Tudo o que as cinzas tocaram se tornou verde e floresceu, os galhos ficaram cheios de folhas e flores, e, ao invés de cinzas, uma fina chuva e botões de cerejeira caíram sobre o daimyo e seu séquito.
Todos gritaram de alegria por ver tal milagre, e, em vez de castigar o velho, eles o abraçaram e elogiaram o milagre.
 O daimyo ficou tocado por tanta consideração e deu ao velho ricos presentes, e ouviu a história do adorável cachorro. O vizinho mau quase explodiu de inveja e raiva, mas mesmo assim ele foi até o homem bom e perguntou se ele ainda tinha um pouco das cinzas. O velho lhe deu um pouco do que ainda restava. Quando o homem mau soube que o daimyo e seu séquito estavam indo embora pelo mesmo caminho, ele correu para subir uma árvore com as cinzas.
Quando o daimyo passou sob a árvore, o homem jogou as cinzas sobre ele, mas não se viu nenhuma folha nem flor, as cinzas continuaram sendo cinzas, e caíram sobre os olhos, ouvidos, narizes e bocas do daimyo e seu séquito, e todos ficaram furiosos e rapidamente prenderam o homem, colocaram-no a ferros e o jogaram na prisão, onde ele morreu depois de sofrer um longo tempo. É isso que acontece com aqueles que preferem usurpar a boa fortuna de um vizinho ao invés de se alegrar com sua boa sorte.

  1. Senhor feudal (Nota do tradutor para o português)

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