Quando Noé recolheu os animais para sua Arca, ele pensou: “Todos esses animais vão certamente brigar e morder as orelhas uns dos outros.
Seria prudente remove-las antes de entrar na arca. E na saída devolvemos as orelhas para eles.” Ele mandou seu filho armazenar as orelhas, na ordem que os animais se apresentavam.
O primeiro foi o camelo e, em seguida, vieram o cavalo e a vaca. Depois o cão, a ovelha, o porco, o gato, o elefante, o coelho e, finalmente, o burro.
E todos, como Noé havia ordenado, tiravam suas orelhas, recebendo em troca um número preso em um cordão para ser colocado em seus pescoços.
Com estas precauções, a paz reinou na Arca durante os quarenta dias que durou a inundação. No quadragésimo primeiro dia, Noé disse aos animais:
“Os bons tempos voltaram. Eu vou devolver a vocês suas orelhas e vocês podem ir para suas casas.” Então, um após o outro, todos os animais foram receber as orelhas correspondentes aos números que detinham. O camelo era penúltimo animal.
Naquele momento, restavam apenas dois pares de orelhas: as suas próprias orelhas, muito grandes, e as orelhas do burro, muito pequenas. Mas antes que o camelo pudesse mostrar seu número, o burro passou entre suas pernas e começou a gritar:
“Senhor Noé, Senhor Noé, me dê meus ouvidos. É esse par de orelhas grandes ali. Eu estou com pressa!” gritou o burro. Noé estava tão cansado que não prestou atenção ao número errado que lhe deu o burro.
“Você está me confundindo. Aqui estão suas orelhas, agora saia!” Noé deu as belas orelhas do camelo ao burro, que saiu feliz a pleno galope.
Quando o camelo finalmente abriu os lábios para reclamar, não havia mais nada lá além das orelhas de burro, com as quais ele teve que se contentar. E é por isso que o camelo, que é um animal grande, tem as orelhas tão curtas, enquanto o burro, que é muito menor, tem orelhas longas.
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